segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Filme "Meu Tio"

"Monsieur Hulot, solteirão e desempregado, passa a ser admirado por seu sobrinho Gérard, justamente por estar fora dos padrões impostos pela sociedade e, em particular, pela mentalidade vigente na família do garoto.

Na casa de seus pais, onde mora, Gérard se vê rodeado por toda uma parafernália moderna: quando a campainha toca, o chafariz do jardim é acionado e o portão abre-se automaticamente; a cozinha tem o que há de mais moderno e o desenho dos móveis é arrojado.

Seu tio Hulot, ao contrário, vive numa confusa periferia em que a ordem é estabelecida pelos próprios moradores. Sempre que Hulot vai visitar a irmã, atravessa as ruínas de um muro, que representa a ruptura da cidade tradicional com a cidade moderna.

Gérard observa que, ao contrário da monotonia que reina em sua casa, fazendo com que a relação em família se torne fria e vazia, a casa de seu tio é marcada pela alegria de viver, mesmo com dificuldades, e isso o fascina.

O apego que o garoto passa a ter, cada vez mais, com o tio, faz gerar uma crise de ciúmes em seu pai."

O filme "Meu tio" faz uma crítica à sociedade francesa da década de 1950, especialmente ao contraste moderno-tradicional. O moderno é representado pela casa da família Arpel (família de Gérard), enquanto o tradicional é simbolizado pelo tio Hulot (personagem que foge dos padrões impostos pela sociedade da época) e por sua residência, localizada em uma confusa periferia de Paris, onde o traçado das ruas é feito de forma sinuosa, parecendo espontânea. Esse tipo de construção representa o lado afetivo e pessoal da trama, o qual se contrapõe à frieza, à rigidez e à artificialidade existente na zona moderna do filme.

Gérard é o elo entre os dois universos.

A importância do filme na área da arquitetura e do urbanismo está relacionada à crítica existente à interação entre personagens e espaço físico. O enredo apresenta uma habitação que simboliza o modernismo e, ao mesmo tempo, mostra o excessivo controle dos espaços arquitetônicos em nome de uma funcionalidade que nem sempre é tão funcional.

Vale lembrar que "Meu tio" mantém-se atual, uma vez que apresenta uma crítica ao progresso e à modernidade ainda cabível à nossa sociedade.

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